Rejeitar as nossas experiências é impedir o nosso desenvolvimento. Negar as nossas experiências é pôr uma mentira nos lábios da nossa vida. Não é menos do que uma negação da Alma. Pois, tal como o corpo absorve todo o género de coisas, tanto as coisas vulgares e sujas, como aquelas que o sacerdote ou uma visão purificaram, e as converte em velocidade ou força, no jogo dos músculos poderosos e na modelação da carne fresca, nas curvas e nas cores do cabelo, dos lábios, dos olhos, assim também a Alma tem, por sua vez, as suas funções nutritivas, e pode transformar em nobres movimentos de pensamento, e em paixões de grande fulgor, aquilo que é, em si mesmo, inferior, cruel e degradante; mais ainda, pode encontrar nestas coisas os seus mais augustos modos de afirmação, e pode, muitas vezes, revelar-se de um modo mais perfeito através daquilo que fora feito para profanar e para destruir.
(Oscar Wilde, in De Profundis)
(Oscar Wilde, in De Profundis)
(Oscar Wilde, in De Profundis)
Lembro-me, quando estava em Oxford, de dizer a um dos meus amigos – enquanto passeávamos pelas estreitas ruas cheias de pássaros de Magdalen, no mês de Junho anterior à minha licenciatura – que queria comer os frutos de todas as árvores do mundo, e que ia partir para o mundo com essa paixão na alma. E assim parti, de facto, e assim vivi. O meu único erro foi confinar-me exclusivamente às árvores daquele que me parecia ser o lado iluminado do jardim, e rejeitar o outro lado, por causa da sua sombra e obscuridade. Fracasso, desgraça, pobreza, dor, desespero, sofrimento, lágrimas mesmo, as palavras entrecortadas que provêm dos lábios da mágoa, os remorsos que fazem andar sobre espinhos, a consciência que condena, a auto-humilhação que castiga, a miséria que cobre a cabeça de cinzas, a angústia que escolhe a bebida – tudo isto eram coisas que eu temia. E, tendo decidido não conhecer nada acerca delas, fui forçado a provar cada uma delas por sua vez, a alimentar-me delas, a não ter, durante um certo período, nenhum outro alimento.
(Oscar Wilde, in De Profundis)
(Oscar Wilde, in De Profundis)
Deus segreda-nos nos nossos prazeres, fala connosco na nossa consciência, mas grita-nos nas nossas dores: são o Seu megafone para acordar um mundo surdo.
(C. S. Lewis)
(C. S. Lewis)
Agora, parece-me que a única explicação possível para a extraordinária quantidade de sofrimento que há no mundo é o amor, qualquer que ele seja. Não sou capaz de conceber outra explicação. Estou convencido de que não há nenhuma outra, e de que, se os mundos foram de facto, como eu disse, construídos pela Dor, foram-no pelas mãos do Amor, pois a Alma do homem, para quem foram construídos os mundos, não poderia, de nenhuma outra maneira, atingir a inteira estatura da sua perfeição. O Prazer é para o corpo belo, mas a Dor é para a Alma bela.
(Oscar Wilde, in De Profundis)
Não há um único homem miserável, neste lugar miserável onde eu também me encontro, que não tenha relações simbólicas com o próprio segredo da vida. Pois o segredo da vida é o sofrimento. É isso que está escondido por trás de tudo. Quando começamos a viver, o que é doce é tão doce para nós, e aquilo que é amargo, tão amargo, que dirigimos, inevitavelmente, todos os nossos desejos para o prazer, e procuramos, não apenas “durante um mês ou dois alimentar-nos de mel”, mas não experimentar, durante toda a nossa vida, nenhum outro alimento, ignorando entretanto que podemos estar a fazer com que a alma morra de fome.(Oscar Wilde, in De Profundis)
(Oscar Wilde, in De Profundis)
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